Vocês já sabem que a Comissão Interna de Acidentes e de Assédio é um dos pilares mais importantes para garantir a saúde e segurança no ambiente de trabalho. Mas, se já teve dúvidas sobre como montar uma CIPA, este post é para você. Pois, explicará todo o processo, desde a descoberta do dimensionamento até a posse dos membros.
A criação de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio é um passo fundamental para garantir a integridade física e mental de todos os colaboradores de uma empresa.
Ao seguir as orientações legais estabelecidas pela Norma Regulamentadora 5 (NR-5) para a montagem da CIPA, sua empresa não só estará em conformidade com a legislação, mas também reforçará o compromisso com a qualidade de vida e o bem-estar no ambiente de trabalho. Pode parecer desafiador, mas seguindo um passo a passo bem estruturado, é possível montar uma comissão eficaz que realmente faça a diferença no dia a dia.
Por que implementar a comissão?
Muitas empresas ainda se perguntam qual é o verdadeiro valor de implementar uma CIPA. Algumas lideranças podem até considerar a comissão apenas mais uma exigência burocrática.
Entretanto, a prevenção de acidentes de trabalho é um tema que não pode ser negligenciado. E, a CIPA, contribui ativamente garantindo a saúde e a segurança no local de trabalho, trazendo inúmeras contribuições à organização e aos colaboradores.
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No Brasil, milhares de acidentes ocorrem todos os anos, resultando em lesões, afastamentos e, em casos mais graves, até mortes. Segundo os dados do eSocial do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2023, foram registrados um total de 499.955 acidentes de trabalho.
Esse número alarmante indica uma realidade que empresas de todos os portes e segmentos enfrentam diariamente: a necessidade urgente de prevenção. Em especial, os setores da Construção Civil e de Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros como visto na pesquisa, o que destaca ainda mais a importância de medidas preventivas eficazes.
Por isso, a implementação de uma CIPA vai além de simplesmente cumprir uma exigência legal. Ela atua como uma medida preventiva que pode evitar danos à saúde dos trabalhadores, reduzir custos com afastamentos e aumentar a produtividade. Essas estatísticas comprovam sua necessidade, sendo um investimento direto no bem estar dos funcionários.
11 Etapas para montar uma CIPA do zero
Agora que você compreende a importância da CIPA e o seu impacto positivo, vamos ao passo a passo de como estruturar essa comissão dentro da organização.
11. Conheça a legislação
O primeiro passo para montar uma CIPA é entender bem a legislação que a rege. E, a NR-5 estabelece as diretrizes para a criação e funcionamento da comissão, definindo desde a composição até as atribuições dos seus membros.
Portanto, compreender essa norma é obrigatório para empresas que desejam ou devem montar uma comissão, pois nela estão estabelecidos critérios como grau de risco e número de funcionários, os quais são fundamentais para determinar o dimensionamento da comissão.
10. Descubra o dimensionamento da CIPA
O segundo passo é dimensionar a CIPA e identificar os membros que irão compô-la. Para isso, você deve analisar o número de funcionários da empresa e o grau de risco das atividades desenvolvidas, conforme mostrado no quadro a seguir.

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Quadro I – Dimensionamento da CIPA da NR-5
É importante verificar a quantidade correta de representantes, tanto titulares quanto suplentes, garantindo que a comissão esteja dimensionada de forma adequada às necessidades da empresa. Além disso, a composição da CIPA deve refletir a realidade da empresa, tanto em termos de número de funcionários quanto da diversidade de funções, tendo representantes dos empregadores e empregados.
Ademais, se a empresa opera em regime sazonal, calcule o dimensionamento da CIPA com base na média aritmética do número de trabalhadores do ano anterior.
“A CIPA das organizações que operem em regime sazonal devem ser dimensionadas tomando-se por base a média aritmética do número de trabalhadores do ano civil anterior e obedecido o Quadro I desta NR.”
Item 5.4.2 da Norma Regulamentadora N° 5
Essa etapa é fundamental para assegurar que a CIPA reflita adequadamente o tamanho da força de trabalho e possa agir com eficiência na prevenção de acidentes e na promoção da saúde dos colaboradores.
9. Elabore o processo eleitoral
Com o dimensionamento definido, é hora de planejar as eleições. Logo, para as empresas que estão montando a CIPA pela primeira vez, é necessário organizar o processo eleitoral com bastante antecedência.
Entretanto, caso já exista uma CIPA em funcionamento, a empresa é responsável por convocar as eleições com, no mínimo, 60 dias de antecedência ao término do mandato atual.
Além disso, é essencial comunicar o início do processo eleitoral aos sindicatos da categoria e garantir que todos os colaboradores tenham acesso ao edital de convocação, como também às informações sobre as eleições. Divulgue amplamente o edital na empresa, em locais de fácil acesso e visualização, para que todos os colaboradores possam se inscrever como candidatos, independentemente de sua função ou setor, garantindo assim a legitimidade do processo.
8. Realize as eleições
No dia da eleição, os trabalhadores devem votar em seus representantes de forma secreta e democrática. O processo deve ocorrer durante o expediente normal e em horários que permitam a participação de todos os funcionários, incluindo aqueles que trabalham em turnos alternados.
“Havendo participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá prorrogar o período de votação para o dia subsequente, computando-se os votos já registrados no dia anterior, a qual será considerada válida com a participação de, no mínimo, um terço dos empregados.”
Item 5.5.4 da Norma Regulamentadora N° 5
A Comissão Eleitoral será responsável pela contagem dos votos, que deve ser feita em horário de expediente e com a presença de representantes dos empregados e do empregador.
Ademais, a eleição só será válida se pelo menos um terço dos empregados votar. E, caso, a votação não atingir esse percentual no primeiro dia, a comissão estenderá o prazo para o dia seguinte.
7. Apuração dos votos
Após o término da votação, a apuração dos votos deve ser feita com a presença de representantes dos empregados e do empregador, assegurando a transparência do processo.
Os candidatos mais votados assumirão como membros titulares, enquanto os suplentes são nomeados a partir da ordem de votos. E, em caso de empate, a prioridade será para o candidato com maior tempo de serviço na empresa, conforme estabelece a NR-5.
6. Designação dos representantes
Além dos membros eleitos pelos colaboradores, a empresa deve designar seus próprios representantes para a CIPA. O presidente da comissão será escolhido entre os representantes do empregador, enquanto o vice-presidente será eleito entre os representantes dos trabalhadores.
“A organização designará dentre seus representantes o Presidente da CIPA, e os representantes eleitos dos empregados escolherão dentre os titulares o vice-presidente.”
Item 5.4.5 da Norma Regulamentadora N° 5
A combinação desses dois grupos é essencial para que a comissão possa funcionar de maneira equilibrada.
5. Treinamento dos membros da CIPA
Outra etapa essencial para montar uma CIPA é o treinamento de seus membros, tanto dos integrantes titulares quanto suplentes. Esse treinamento deve ocorrer antes da posse, capacitando-os a desempenharem suas funções de forma eficiente e conforme as exigências legais.
Todavia, esse treinamento deve ser oferecido pela empresa e tem o objetivo de capacitar os integrantes, garantindo que conheçam as legislações, os riscos do ambiente de trabalho e as melhores práticas de prevenção de acidentes.
Além disso, deve abordar temas como noções sobre acidentes e doenças ocupacionais, análise de riscos, e medidas de prevenção. Como também, é necessário tratar sobre a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho e a prevenção ao assédio sexual.
“A organização deve promover treinamento para o representante nomeado da NR-5 e para os membros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse.”
Item 5.7.1 da Norma Regulamentadora N° 5
Ademais, a carga horária mínima do treinamento varia conforme o grau de risco da empresa, indo de 8 a 20 horas, conforme a NR-5. E, o conteúdo deve ser adaptado ao contexto específico de cada empresa, levando em consideração os riscos identificados.
- Grau de risco 1: mínimo 8 horas;
- Grau de risco 2: mínimo 12 horas;
- Grau de risco 3: mínimo 16 horas;
- Grau de risco 4: mínimo 20 horas.
Dito isso, é essencial que os representantes sejam ativos e colaborem nas atividades da CIPA, promovendo um ambiente de trabalho saudável e colaborativo.
4. Posse dos membros
Após o treinamento, os membros eleitos e designados devem tomar posse no primeiro dia útil após o término do mandato anterior, se houver.
Além disso, a empresa deve fornecer cópias das atas de eleição e posse a todos os membros titulares e suplentes, garantindo que todos os documentos estejam organizados e disponíveis para consulta em conformidade com a legislação.
Com a posse, a CIPA passa a estar oficialmente habilitada para desempenhar suas funções na empresa, e os membros podem iniciar suas atividades de prevenção e análise de riscos.
3. Promova reuniões
Uma vez empossada, para oficializar a montagem da CIPA, você pode realizar reuniões periódicas, preferencialmente mensais e presenciais, para discutir as condições de segurança no ambiente de trabalho e propor melhorias. As reuniões são documentadas em atas pelo secretário da comissão e devem ser assinadas pelos membros presentes.
“A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido.”
Item 5.6.1 da Norma Regulamentadora N° 5
Além das reuniões ordinárias, a CIPA pode convocar reuniões extraordinárias quando houver a ocorrência de acidentes graves ou a solicitação de algum dos seus membros.
De forma geral, essas reuniões permitem que a comissão desenvolva ações preventivas e proponha ajustes nas condições de trabalho, promovendo a segurança e o bem-estar dos colaboradores.
2. Avalie os Riscos e Desenvolva Planos de Ação
A CIPA tem como uma de suas principais funções avaliar os riscos presentes no ambiente de trabalho, e ao montar um, você submete-se a isso. Inclui analisar os acidentes anteriores, identificar potenciais perigos e propor um plano de ação que contemple medidas corretivas e preventivas.
“Verificar os ambientes e as condições de trabalho visando identificar situações que possam trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores”
Item 5.3.1, alínea c, da Norma Regulamentadora N° 5
O plano de ação deve ser elaborado com base na análise dos riscos e nas sugestões dos membros da CIPA. É importante que esse plano contenha prazos claros sobre a implementação das medidas propostas e que haja um acompanhamento constante para garantir que todas as ações sejam colocadas em prática.
1. Promova Melhorias Contínuas
A CIPA deve monitorar constantemente os indicadores de segurança, como o número de acidentes e incidentes, e fazer ajustes nas ações sempre que necessário.
Além disso, a melhoria contínua é um dos pilares da CIPA. Avaliar regularmente o desempenho da comissão e buscar sempre aprimorar as práticas de segurança no trabalho é o que garantirá um ambiente cada vez mais seguro para todos os colaboradores e que tudo caminhe bem após sua montagem.
Benefícios de montar uma CIPA bem estruturada
Uma CIPA bem montada demonstra o compromisso da empresa com a saúde e segurança de seus colaboradores, criando um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo, que visa proteger vidas e evitar acidentes
Além disso, empresas que investem na prevenção de acidentes reduzem significativamente o número de afastamentos, acidentes e até mesmo os custos operacionais relacionados a eles. Também aumenta a motivação e produtividade dos funcionários, e melhora a reputação da empresa no mercado, sendo vista como uma organização que valoriza seu capital humano.
Logo, ao incentivar a participação ativa dos colaboradores e garantir que todos os membros da CIPA estejam bem treinados e engajados, sua empresa não só promove a segurança no trabalho, como também cria uma cultura de prevenção que pode se estender a todos os níveis da organização.
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Montar uma CIPA pode parecer um processo burocrático, mas os benefícios que ela traz para a empresa e seus colaboradores são inestimáveis.
Desde a definição do dimensionamento até a posse dos membros, cada etapa é essencial para garantir que a comissão funcione de maneira eficaz, promovendo a segurança e a saúde no ambiente de trabalho.
Ao seguir os passos descritos neste artigo sua empresa estará em conformidade com a legislação e, o mais importante, estará protegendo o bem-estar de todos que fazem parte dela.
Se você quer garantir um ambiente de trabalho mais seguro, comece agora a estruturar a CIPA da sua empresa. Afinal, a prevenção de acidentes começa com a conscientização e o comprometimento de todos.
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Especialista em Marketing Promocional e Brindes Personalizados